Amor licoroso

Quando te pedi água, amor, trouxeste-me um digestivo licoroso para degustar o fim da noite. O tabaco podia ser ordinário, mas a selecção era da melhor casta de palhas raras. Ah, que atordoo é este que vem depois do fumo que nos consome a boca? Na janela, o passante de cara desfocada e penso em fase apoteótica do sossego e da paz... "hmmm, tudo o que fica por detrás de um vidro não merece ser partido, mas apenas ficar do lado de fora; ali, no frio invernoso como um aquário de água fria". Neste meu conforto intraparedes, intramuros, intraverdade, intraderme, intra-arrumo é o som diminuído da televisão, o livro pousado no colo, o portátil a passar fotos e música, a tua ou teu moço, os mais bonitos do bairro, a concederem-te o sorriso das órbitas interplanetárias do amor.

"(...) que atordoo é este que vem depois do fumo que nos consome a boca?"

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