Feminista q.b.

A minha tarde de Março (2004) em casa de Maria Teresa Horta* foi dos momentos mais enriquecedores da minha vida. Aprendi muito em poucas horas de convivência. Enquanto homem que sou e, como tal, curioso dos mistérios do sexo oposto, penso ter absorvido a melhor definição sobre o que é ser feminista!

Zorze - Considera-se uma feminista militante?

Maria Teresa Horta - Não sou militante, sou feminista. Mas há uma ideia concebida que uma feminista não gosta de homens - é falso! Eu vivo apaixonada por um homem há 40 anos; tenho um filho e dois netos - todos rapazes! Tenho uma vida de casa perfeitamente normal: cozinho todos os dias, passo a ferro, lavo e faço isso tudo. Sou uma pessoa meiga, terna, doce e avó-galinha como lhe digo. Dizem que as mulheres feministas são todas horríveis, feias, amargas e ninguém as ama ou quer ir com elas para a cama. O que é isto? Uma feminista não é uma mulher muito feminina? É mais feminina do que qualquer das outras!

* A afirmação da sexualidade feminina, bem como uma vigorosa sensualidade, ganharam asas nas páginas dos seus livros. Dirigiu o ABC Cine-Clube, fez parte do grupo Poesia 61 e colaborou em inúmeros jornais e revistas. Em 1972, foi julgada por atentado ao pudor quando, em conjunto com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, escreveu Novas Cartas Portuguesas: o hino da libertação sexual das mulheres! Felizmente, a justiça prevaleceu (a custo da pressão internacional, diga-se de passagem!) e as “Três Marias” foram libertadas aquando do 25 de Abril.

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Comentários

  1. Pertinente, sim senhor
    *

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  2. Sim, senhor!
    Isto é ser Mulher! Só queria ser um bocadinho mais assim. Dava-me por feliz!

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  3. Não ter medo/vergonha/pudor da nossa condição e lutar por uma igualdade de direitos e oportunidades, ou seja, pela possibilidade de escolha! Ninguém quer roubar "direitos aos homens" como certos amigos meus insistem em acusar. Quando eles começam com isso, mais vale calar e ficar a olhar para aquela ignorância forçada e confortável em que eles vivem. Não consigo perceber como é que custa tanto observar o lógico, mas eles lá sabem. Mesmo assim, arrepia-me mais as mulheres que calam e deixam andar. Mesmo as "modernaças", vivem diariamente situações em que pura e simplesmente se deixam espezinhar, numa felicidade aparente. Bastava erguer um pouco o sobrolho, garanto que mal nenhum lhes aconteceria, e ao menos demonstravam a sua vontade.

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