lá-para-aqueles-lados-de-um-dos-dias-em-que-nasci
Quando eu nasci, três cães rafeiros expulsavam as carraças na porta da maternidade e um senhor de bigode comprido não conseguia digerir a morte do enteado num banco desamparado de jardim. Uma enfermeira tinha-se esquecido do almoço e combinava as horas de repasto carnal com o condutor da ambulância. Duas más-línguas torciam o sentido da amizade daqueles errantes. "Foi no quarto 23 onde foram apanhados", dizia a mulher estupidamente idosa. Quarto ao lado do meu, onde uma bebé prematura nascia para uma mãe só. O pai, errante também, tinha encontrado o seu destino lá-para-aqueles-lados-de-um-dos-dias em que a minhã mãe levava as duas mãos ao ventre pela primeira vez e me acariciava com a sua supremacia maternal. Era eu. Fui eu. Sou eu. Eu. Assim?
ena!! isto hoje está profícuo!!!
ResponderEliminarmas que cenário felliniano para se nascer... que beleza amarga!
Tadinhoooo...
ResponderEliminarmais ou menos assim.
ResponderEliminar=)
foste tu e outros tantos na mesma fileira...
ResponderEliminarSEgundo me disseram, no dia em que nasci, estava o Nick Drake a morrer.
ResponderEliminarNão sei se é dos meus olhos se é do meu sentir mas vejo aqui uma homenagem á tua mãe alem de uma excelente afirmação de identidade.
ResponderEliminarNão importa como nascemos.
Importa nascer.
E ser.
Ser é mais dificil que nascer.
Nascer qualquer um nasce... nem todos com uma mãe a acariciar-nos ainda dentro do ventre como tu tiveste a sorte mas melhor ou pior todos nascemos.
Ser é que nem todos somos.
Ser é importante.
Ser é dificil.
Ser e continuar sendo é mais dificil ainda.
è preciso força, coragem, determinação, insistência, e até teimosia.
Eu teimo em ser eu.
Já vi que tu também.
Ainda bem.
Vivas tu.
E viva a tua mãe e a sua supermacia maternal.
E já agora Vivam todos os que remando contra a maré continuam a ser o que são.
Isabel
Tás bem...
ResponderEliminar...e obrigado, puto!
Estavam lá três da tua 350d...
a isabel, aí em cima, disse tudo o que eu gostaria de ter dito.
ResponderEliminare não acrescento mais nada, para não tirar a beleza dos textos (teu e dela).
bj!
É verdade a Isabel escreveu tudo...
ResponderEliminarUm beijo grande para ti.