O moço das telas e dos pvc's

O moço das telas e dos pvc's, no meio dos seus arrumos, confessou-me ser filho precoce de pais separados e de só ver a mãe 30 minutos por dia há mais de 15 anos. Vinte e um de idade disse-me ter de vida no organismo e pouco mais de seis em companhia familiar. "E não tens irmãos?", perguntei numa tentativa de simplificar a amargura. "Ya, uma irmã mais velha que não me suporta e que nunca fez comida a mais para partilhar". Ganhou maturidade. "Isso é bom? Não devias ter-te vivido criança e adolescente?" Pelos vistos, devia, mas não se ressente. "Por agora, não. Espera até aos 30 para te cair em catadupa as privações, frustrações e distanciamentos próprios do 'deixa andar'". O moço das telas e dos pvc's, no meio dos seus arrumos, tem cabelos brancos, um rosto sereno, bonito e fuma um cigarro lá fora: comigo como companhia. Pensei estes meses todos que era antipático. Erradamente.

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